Entre as muitas maravilhas que a internet nos proporcionou, o streaming é uma das mais significantes para qualquer pessoa que busque alguma forma de entretenimento. Seja uma série, um filme, ou algum canal do YouTube. Há sempre uma opção a um clique de distância.
Nos longínquos tempos do VHS. Era um martírio esperar que algum canal de tv exibisse um filme, que lhe fosse interessante. No caso de quem não queria gastar fortunas em em VHS's originais, a opção era gravar o que de interessante passasse na TV. Até hoje, ainda me é vivo na memória aqueles filmes, e programas que assisti tantas vezes no VHS. Era raro que o filme tivesse começo, cortes corretos nos momentos dos intervalos comerciais, e um final.
Aprendi a ser fã do já esquecido "Ô... Coitado!", através de VHS mal gravado. Era sempre o mesmo grupo de três, ou talvez no máximo cinco episódios. Alguns tinha começo, mas não tinham fim, e vice-versa. E como fita já fora utilizada tantas vezes, nas pausas dos intervalos apareciam os trechos do que havia antes na fita. Era incrível o mundo de possibilidades que havia, em ficar tentado descobrir de qual produção era aquele trecho curto, com as marcas da fita magnética por cima, gravado de uma tv cheia de chuviscos.
Cansei de assistir de assistir "A espera de um milagre", sempre do mesmo ponto, nunca era o começo. Esse foi um daqueles filmes, que junto de minha mãe comecei a assistir despretensiosamente no SBT, até que em algum momento decidimos gravar.
Foi tão estranho quando descobri "O homem bicentenário" na Netflix. Sempre assisti a esse filme numa VHS mal gravada, e nesse caso eu nem mesmo vi o começo. No streaming eu redescobri o filme, e vi o começo da história de Andrew.
Depois chegou o DVD, era uma mídia interessante. Eu ficava fascinado com ideia de ter menus, e jogos - ainda que rudimentares - numa mídia. As antigas VHS's, mesmo originais sequer tinham uma qualidade razoável. Meus primeiros contatos com o DVD foram numa cidade pequena, mesmo querendo as mídias originais, não era fácil acha-las. A opção para DVD's originais era um supermercado da cidade. Mas que infelizmente não tinha um catálogo grandioso. Mas mesmo assim ainda guardo um documentário sobre a Bugatti, que adquiri ali. Se quiséssemos os grandes filmes, os mais novos lançamentos o jeito era recorrer a bancas da feira da cidade, e torcer para que o aparelho de DVD aceitasse a mídia. Descobri grandes filmes naquelas bancas, muitos blockbusters, outras opções eram raras.
Quando me mudei para uma grande região metropolitana meu maior passatempo no shopping eram aqueles espaços dedicados a DVD's e CD's nas Lojas Americanas. Me lembro de comprar "O código da Vinci" ali, uma mídia que emprestei, nem me lembro pra quem, e nunca tive de volta.
Logo que o DVD entrou em nossa casa, o Vídeo Cassete foi lentamente deixado de lado. No momento em que ele deixou de ter seu espaço junto a tv da sala fiz questão de trazê-lo para meu quarto. Foi interessante ter pra mim algo que antes, quando criança eu não podia mexer, eu ainda era adolescente, mas já desfrutava de alguma liberdade, então poderia usar o vídeo como quisesse. Na verdade eu fiquei com o aparelho por muito tempo, já que depois das mudanças havíamos perdido muitos dos antigos VHS's. Então não tinha muitas opções de uso. Com uma das poucas fitas que achei, fiz questão de gravar algo sozinho. Não me lembro o nome do filme, mas era algo sobre ratos, ou ratos gigantes em um manicômio, foi na Record. Era raríssimo pegar um bom sinal de tv na cidade, sem uma antena parabólica. Então embora a imagem estivesse perfeita, todo o filme foi gravado em preto e branco. Não foi uma gravação que assisti muitas vezes. Mas lembro que a gravação mal feita contribuiu para o terror do filme.
Antes era complicado ter o que assistir, agora é difícil saber o que assistir e quando fazê-lo.