Sunday, June 21, 2015

Sense 8 e a evolução das produções Netflix




Amor é muito mais do que a palavra utilizada de forma tão banal na contemporaneidade.  O amor está além de qualquer jogo de possibilidades matemáticas que a genética possa fazer no momento da construção de nosso DNA.  E consequentemente na definição -  formação, ou qualquer termo menos lamarckista - dos gêneros. De tal modo que não se pode deixar de admirar a forma como "Sense 8" ,  soube interpretar o amor e construir personas tão profundas e fortes.  






A série consegue transitar magistralmente entre a banalidade da vida e aquilo que de melhor os seres humanos têm a oferecer. Sem deixar de abordar os mais diversos sentimentos, que um ser é capaz de capaz de sentir.  Seja a raiva que Sun (Doona Bae) expressa por seu irmão já no final da série, ou a lealdade quRiley demonstra a seu filho recém nascido. Isso sem deixar de lado o divertidíssimo,  e extremamente fiel para com seus ideais Capheus Van Damnne(Aml Ameen). 






Sense 8 é daquelas séries que vai te conquistando um pouquinho a cada capítulo, e quando você percebe já está íntimo dos personagens. Mas não é qualquer proximidade, é aquela intimidade que você só pode alcançar quando viu a pessoa nascer, e pôde ver em meio a tantas as possibilidades, o rumo em que as escolhas dela a colocaram. E os personagens são a coisa mais incrível mais envolvente da série. 






O que dizer da menina perdida, tão meiga e aparentemente incapaz de mentir , interpretada por Tuppence Middleton, que vive a islandesa Riley.  Toda a interpretação cercada de sutileza, faz o espectador ir  a cada aparição da mesma, se apaixonando um pouco mais pela personagem. Numa incrível atuação da atriz. Que assim como todo o elenco , está magistral em seu papel. 






Embora a série estabeleça um marco inicial, com a cena de um assassinato, a qual todos os "sensantes" tem contato, vai ficando claro que a cena é apenas um ponto inicial, mas a trama não girará em torno da mesma. Situação muito similar a de Piper (Taylor Schillingem "Orange is the new black". Onde na primeira temporada a personagem dTaylor Schilling teve um protagonismo, mesmo não sendo a protagonista já que no decorrer das temporadas fica claro que série não tem uma protagonista, e Piper foi apenas o elemento que nos introduziu a realidade da prisão feminina. Tal ideia ganha força se pensarmos, em como na primeira temporada Piper apresenta uma personalidade similar, ao que se espera da média dos espectadores da Netflix. Personalidade que quando desconstruída dá lugar as novas protagonistas. 






Em Sense 8, o que vimos foi a introdução de um novo universo, nessa primeira temporada. A série incluí características, que fazem com que seja inevitável a comparação com Orphan Black, em especial quando nos lembramos que ambas as séries envolvem uma grande corporação, que lida com genética, ciência - tudo que aqueles que entenderam a referência a Lamarck amam.  






E com essa comparação inevitável, a nova série da Netflix chega estabelecendo um novo padrão. Que faz com que as inúmeras personagens de Tatiana Maslany, pareçam cada menos interessantes depois de uma segunda temporada corrida e sem grandes surpresas. 






 A força de Sense 8 não está num enigma biológico, como aquele que a série de Tatiana Maslany construiu e matou ainda na primeira temporada, mas sim nos personagens que em suas diversas facetas se completam. 






As séries da Netflix, desde que o mesmo deu inicio  a produção de séries sempre trabalharam bem a questão da sexualidade, desde o comportado e ousado Frank Underwood (Kevin Spacey) de House of Cards, até a bissexualidade de Piper, em Orange is the new black. E o que se vê em Sense 8, é o ápice desse amadurecimento, que observamos ao longo das produções da Netflix. 






E assim o Netflix vai aos poucos se firmando, construindo uma espécie de identidade em seus conteúdos. Uma identidade ampla, diferente do modelo HBO, que mesmo com grandes produções recentes como  "True Detective" e "Game of Thrones", ainda tem estilo sisudo, e intenso e por vezes acaba limitado. O Netflix é o cara jovem, que sabe ser profundo no momento certo ( Sense 8, House of Cards), mas também sabe ser divertido (Better Caul Saul, e a quarta Temporada de Arrested Development). 



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