Thursday, March 18, 2021

O futuro nômade e o mercado de náutica


 

As dinâmicas de trabalho remoto se tornaram mainstream em
2020, e embora seja incerto o quanto 
disso vai sobreviver na medida em que entramos num cenário de pós-covid,
é interessante que em paralelo a isso observamos o desenvolvimento de tecnologias
como o Starlink.



Faz parte da essência humana o nomadismo, ainda que isso não
supere a busca pelo que é cômodo. Na medida em que a agricultura se estabeleceu
como uma via cômoda, os povos antigos estabeleceram settlements nos arredores
do Nilo, e mesmo nas américas a intensa presença de fauna e flora frutífera facilmente
acessível ao longo de todo o ano sempre favoreceu a busca pelo que é cômodo.



Ao longo da próxima década veremos a formação de uma
intersecção que vai dar origens ao nomadismo cômodo. Na medida em que o trabalho
remoto, com boa remuneração em moeda forte se torne acessível as massas
populares, e com significativos avanços nas estruturas de comunicação offshore (Starlink)
a tendência é que observemos intenso crescimento em algumas indústrias
altamente nichadas, carentes de consolidação e que pelo modelo artesanal imperante
hoje são a definição de mato alto(ineficiências).



O caso mais interessante é o setor de náutica não industrial,
em geral estaleiros focados na construção de veleiros de até 80 pés.



Players dominantes são majoritariamente europeus – O mercado
americano parece focado na náutica de curta distância a base de diesel – na média
com marketcap por volta dos 100 mi EUR.



Com o trabalho a distância ficando mais acessível, e
pacotes de dados para regiões remotas ficando mais baratos com a introdução do
Starlink, em algum momento algum programador que já trabalha remotamente, vai
virar a chave, e no momento que ele conseguir acessar o combo stackoverflow+youtube
no meio do atlântico, ou em alguma ilha remota do pacífico, é difícil achar
algo que acabe inviabilizando o sonho nômade da humanidade, hoje limitado a
aposentados, empresários distantes da gestão de suas empresas, e cada vez mais
youtubers que conseguem contornar as limitações de comunicação ficando
restritos a costa europeia.





Pontos para se olhar no setor:



- A eletrificação é uma tendência, porque motores a diesel
tem uma operação cara, e são barulhentos, o que é um problema para embarcações
menores.



- A tecnologia de baterias que vem sendo desenvolvida para
automóveis, ainda não se apresentou plenamente na náutica.



- A maioria das empresas é pequena o suficiente, para que o
risco delas deixarem de existir na próxima década seja considerável.



-É um mercado bem artesanal, já que por hora não tem muita
margem para ganhos de escala. (bem parecido com o que acontece atualmente com
as telas eink com mais de 6polegadas [não tem demanda para ganhos de escala, já que a maior demanda vem hoje do kindle que é 6 polegadas]).

Update:Sobre o mercado de eink:a Amazon com o kindle, tem o o poder de mercado de movimentar toda uma cadeia de supplier, de um modo que só Apple e Samsung [nesse caso é até interessante porque ela controla o processo da engenharia de produção difernte das americanas, mesmo quando fora da Koréia] tem no mercado de smartphone em geral. Por exemplo Apple ou Samsung podem conseguir um projeto de capacitor/chip smd espécifico, pelo tamanho do pedido, enquanto uma Asus lançando um smartphone fica limitada ao catalógo dos suppliers, já que o tamanho do pedido é menor. Isso começa a ficar claro olhando como telas com notch ficaram populares por um tempo. E sobre Samsung, ela tem tem certo poder de supplier, pra além do poder de cliente como as demais bigtech, tanto que é o principal concorrente da TSMC.

Em relação a controlar/dominar o processo fábril acaba sendo uma questão mais de qual stakeholder é mais importante:o acionista em busca de dividendos/"growth" (bigtechs americas) ou governo local (Samsung e contratos de defesa americanos).Olhar uma Boeing é até interessante porque a defesa opera de um modo (processo fábril centralizado [DoD guidance]), mas o 787 na parte civil é case de globalização e cadeias de produção descentralizadas. 

Nuclear disarmers can’t forget the communities that rely on military spending - Bulletin of the Atomic Scientists (thebulletin.org) ( Um pouco sobre DoD guidance, e dinâmica de Lobby nos EUA)

Marcel Campos - Head of Global Marketing Operations and South America Marketing Director at ASUS North America. ( ele tá bem posicionado, pra dar uma perspectiva sobre desenvolvimento de projetos como um smartphone)

ePaper displays in 2020 - a market snapshot | E-Ink-Info.com (o título é auto explicativo)

How I Made My Own Android Phone - in China - YouTube  (cena tech em Shezen, a parte mais fábril e que vai pro aliexpress.A versao chinesa do edifício Central [Sta Efigêntia p/ Paulistas])



-Se virar mainstream, ou acender uma luz no Elon Musk, um veleiro tesla elétrico dominaria o mercado relativamente fácil. Até porque tem bastante mato alto na fase
de produção, e a Tesla tem conseguido se acertar em termos de processo fábril. Então qualquer coisa de 30pés com um preço razoável e o brand da
Tesla chamaria atenção.



-O mercado de modo geral hoje se divide entre esporte, veleiros
para travessias tranquilas (a maioria dos players listados se encontra nessa
classe), e veleiros para travessias intensas (Bluewater cruise). Isso porque a
realidade de mar numa à volta ao mundo pela linha do equador e pelos polos é
distinta (lembra do Cabo da Boa Esperança[Bartolomeu Dias]?é um dos motivos pro
canal de Suez existir).



Olhando alguns catalógos desses boatbuilders, na média com
algo entre 300-800mil USD você já compra uma casa razoavelmente luxuosa, colocando
na conta a loucura em que os mercados de realestate se tornaram no mundo rico,
e o fato de que isso vai acabar sendo uma compra, onde as pessoas vão poder de
fato morar com o advento de pacotes de dados acessíveis para offshore, pode ser que
estejamos no limiar de algo realmente interessante, em termos de humanidade e de mercado, ainda mais porque essas
empresas,  hoje,na média são equivalentes a See's Candies no momento em que o Buffet faz
a compra, qual delas vai capturar esse mercado é uma questão. E outra questão é
que elas estão na contramão dos inflows de capital rumos aos mercados
americanos,pois Europa, a maioria nem aparece no OTC Market.

Update 3: Mesmo no exterior o mercado gira bastante ao redor dos usados, então, por mais que 300mil usd/eur pareça bastante, o ticket médio hoje (num cenário em que a geração de renda a bordo é limitada), vai na verdade ser algo entre 50-250mil EUR. 

Sobre o Brasil, politicas iracionalmente restritivas a importação de barcos usados no âmbito da RFB fizeram o mercado de veleiros caminhar rumo a construções artesanais, em fundo de quintal (não no sentido perjorativo, é que pessoas realmente constroem suas embarções no quintal das casas [até mesmo embarcações pra pesca]). E olhando eventos do tipo boat show, predominam embarcações a diesel (parecido com o cenário americano, mas se por lá o "B.o.a.t. stands for Bring on another thousand" já é forte, por aqui seria mais "trais mais 10k", botando na equação câmbio e custos locais), então essa ideia de brinquedo caro para uso eventual, é dominante.

Sintése: O racional é que a possibilidade de gerar renda a bordo, via estruturas de comunicação acessiveis vai causar a expansão do mercado. Com mais gente enxergando isso como racionalmente possivel, o mercado de náutica recreativa, que hoje é ínfimo, vai invariavelmente ter um boom de marketcap. 

Eu tava começando a racionalizar isso, pensando em Garmin e Raymarine, a primeira é grande, mas tem toda uma parte de GPS que não essencialmente tem conexão com náutica; já a segunda é também um player importante na cena de autopilot, já foi listada independentemente, e hoje esta perdida dentro de um conglomerado militar (Flir Systems) que não sabe muito bem o que fazer com ela, já que ela é infima comparada as receitas que eles em tem em contrados com o DoD. 

Por quê eles compraram? Parece que tinha toda uma lógica de transformar tec de imagens (tipo visão noturna e térmica), um produto essêncialmente militar, em algo com aplicação civil. Ao que parece não deu certo e Raymarine seria vendida novamente, mas como as noticias são de janeiro de 2020, e nesse meio tempo teve a pandemia, e eles foram comprados pela Teledyne ( um outro player na cena de DoD contractors), que tem alguma coisa na parte de náutica civil, por hora o futuro de Raymarine é bem incerto.

Toda essa coisa Teledyne e Flir, tá girando em torno da consolidação dos DoD contratos, ano passado teve a United Technologies (um pouco de tudo:de ar condicionado [Carrier] a motor de avião[ Pratt & Whitney]) que fundiu com a Raytheon (Mísseis). Isso vêm numa linha de que o Trump tinha posições estranhas em relação ao complexo indústrial militar, e sempre que um Democrata se elege a impressa americana começa vender que o budget do DoD vai cair, quando na prática é bem segue o jogo. 

De resto tem um player japonês (Furuno) listado no Japão sem liquidez no OTC, e um outro alemão fechado. Isso pensando pensado na parte tec de náutica, com algum foco nos sistemas de autopilot.  

Alguns players listados (Boatbuilders) 

Buy a Yacht - Made in Germany | HanseYachts AG

Sailing yacht and motorboat builder | BENETEAU boat builder

Fountaine Pajot | Catamaran à voile de luxe et Motor Yacht (fountaine-pajot.com)

Players de BlueWater cruise, não listados porém interessantes (pela construção diferencida tendem a ser mais caros).

Home - AMEL

Iconic Sailing Boats & Yachts for Bluewater Sailing | Oyster Yachts

Hallberg-Rassy bluewater cruising yachts

NautorSwan

Player interessante na eletrificação da náutica

Oceanvolt




Crazy Costs of SuperYacht Internet 2020 ($900k for...) (a comunicação entre satélites parece que tem sido endereçada nos últimos lançamentos, mas nesse instante [março/2021] tudo está em beta ainda. Só pelo fim do ano até a metade 2022, é que o Starlink deve ganhar mais espaço nos trends sociais).

Aliás, indústria europeia (em relação a náutica).

Me encontro em estado de  'testando Microsoft sway' logo segue a pesquisa em estado meio bruto, compartilhada através delea qui 


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