Tuesday, March 23, 2021

Racionalizando a conta em USD

Um ponto pra se pensar a respeito de um sistema de conta em Dólar é que o muito da arbitragem hoje é mais em termos de...

Posted by Daniel Rodrigues Parente on Tuesday, March 23, 2021


Crise econômica, como sair | Grupo Aço Cearense | Valor Econômico (globo.com)   - Eu gosto de como ele encara o ganho de renda das classes populares,  enfim a operação dele depende do USD, mas é uma visão interessante. E de modo geral vai um pouco além do quanto pior melhor no câmbio, que domina o debate. E é um texto antigo já.


23º Encontro FnP - Investimentos Alternativos (Pátria e private equity) Lá pelas tantas (52min e 57m) ele aborda brevemente o planejamento da saída em investimentos de longo prazo, e como o câmbio pesa no planejamento, e na demanda por rentabilidade. 

O modelo de lavagem do exemplo é até sofisticado, porque diferente do usual que é uma operação puramente financeira onde o dinheiro viaja entre contas de diferentes empresas de fachada em diferentes jurisdições, nesse exemplo a linha entre o que é um empreendimento real,  e uma operação de lavagem de dinheiro é bem tênue e diferentes partes da operacionalização se concentram em diferentes jurisdições. Então é bem difícil construir um caso, já que exige uma cooperação internacional que pode não ser interessante para algum dos países envolvidos, dependendo do tamanho do esquema.

No mais, eu assumo que um modelo restritivo a posse de moeda estrangeira, leva capital local para outras jurisdições. As vezes em canais oficiais, e regulamentaod, e também por canais extraoficiais que podem ser mais baratos, ou menos burocráticos.

50bi de Motivos para repensar o Brasil Também é de se considerar, em que medida as elites locais estão fugindo de imposto ou se protegendo de perda câmbial(parece dominante no caso brasileiro [até porque o dinheiro costuma acabar nos EUA,ou coisa do tipo, mesmo com jurisdições fiscais mais favoráveis]).

The paradox of banknotes: understanding the demand for cash beyond transactional use Em relação a operacionalização de uma moeda de reserva, isso gera certas distorções e dá certas vantagens que começaram a ganhar destaque com a discussão de MMT,é um ponto que preciso desenvolver melhor ainda, mas a ideia é que como todos são demandantes de USD o FED - e cada vez mais o ECB - controlam uma ilha que abarca o mundo inteiro. Vai ser interessante ver em que nível, e como a liquidez dos estimulos atuais vai transbordar pelo mundo. O texto olha pra uma dessas dinãmicas, quando o nível de papel moeda nao afeta o nível de transação.(Lembrando que papel moeda é dinheiro anõnimo, evade sanções, e pode dar duas voltas ao mundo antes de ingressar no sistema financeiro que pede id e compliance com regulação americana).


Bom, sigo na minha quest em torno do euro-dollar, até para justificar a dinãmica de depósitos e empréstimos entre moedas(na imagem THE EURO-DOLLAR MARKET:
AN INTERPRETATION - ALEXANDER K. SWOBODA) . Na média é bem gray area, nesse texto do IMF The Euro-Dollar Deposit Multiplier: A Portfolio Approach : IMF Staff papers : Volume 21 No. 2: na revisão de literatura/introdução o espectro amplo de multiplicadores (1.5-18) encontrados dá um horizonte do nível de incertezas. Diferentes bancos, diferentes estratégias e pouca/nenhuma regulação resultam num mix interessante.



Thursday, March 18, 2021

O futuro nômade e o mercado de náutica


 

As dinâmicas de trabalho remoto se tornaram mainstream em
2020, e embora seja incerto o quanto 
disso vai sobreviver na medida em que entramos num cenário de pós-covid,
é interessante que em paralelo a isso observamos o desenvolvimento de tecnologias
como o Starlink.



Faz parte da essência humana o nomadismo, ainda que isso não
supere a busca pelo que é cômodo. Na medida em que a agricultura se estabeleceu
como uma via cômoda, os povos antigos estabeleceram settlements nos arredores
do Nilo, e mesmo nas américas a intensa presença de fauna e flora frutífera facilmente
acessível ao longo de todo o ano sempre favoreceu a busca pelo que é cômodo.



Ao longo da próxima década veremos a formação de uma
intersecção que vai dar origens ao nomadismo cômodo. Na medida em que o trabalho
remoto, com boa remuneração em moeda forte se torne acessível as massas
populares, e com significativos avanços nas estruturas de comunicação offshore (Starlink)
a tendência é que observemos intenso crescimento em algumas indústrias
altamente nichadas, carentes de consolidação e que pelo modelo artesanal imperante
hoje são a definição de mato alto(ineficiências).



O caso mais interessante é o setor de náutica não industrial,
em geral estaleiros focados na construção de veleiros de até 80 pés.



Players dominantes são majoritariamente europeus – O mercado
americano parece focado na náutica de curta distância a base de diesel – na média
com marketcap por volta dos 100 mi EUR.



Com o trabalho a distância ficando mais acessível, e
pacotes de dados para regiões remotas ficando mais baratos com a introdução do
Starlink, em algum momento algum programador que já trabalha remotamente, vai
virar a chave, e no momento que ele conseguir acessar o combo stackoverflow+youtube
no meio do atlântico, ou em alguma ilha remota do pacífico, é difícil achar
algo que acabe inviabilizando o sonho nômade da humanidade, hoje limitado a
aposentados, empresários distantes da gestão de suas empresas, e cada vez mais
youtubers que conseguem contornar as limitações de comunicação ficando
restritos a costa europeia.





Pontos para se olhar no setor:



- A eletrificação é uma tendência, porque motores a diesel
tem uma operação cara, e são barulhentos, o que é um problema para embarcações
menores.



- A tecnologia de baterias que vem sendo desenvolvida para
automóveis, ainda não se apresentou plenamente na náutica.



- A maioria das empresas é pequena o suficiente, para que o
risco delas deixarem de existir na próxima década seja considerável.



-É um mercado bem artesanal, já que por hora não tem muita
margem para ganhos de escala. (bem parecido com o que acontece atualmente com
as telas eink com mais de 6polegadas [não tem demanda para ganhos de escala, já que a maior demanda vem hoje do kindle que é 6 polegadas]).

Update:Sobre o mercado de eink:a Amazon com o kindle, tem o o poder de mercado de movimentar toda uma cadeia de supplier, de um modo que só Apple e Samsung [nesse caso é até interessante porque ela controla o processo da engenharia de produção difernte das americanas, mesmo quando fora da Koréia] tem no mercado de smartphone em geral. Por exemplo Apple ou Samsung podem conseguir um projeto de capacitor/chip smd espécifico, pelo tamanho do pedido, enquanto uma Asus lançando um smartphone fica limitada ao catalógo dos suppliers, já que o tamanho do pedido é menor. Isso começa a ficar claro olhando como telas com notch ficaram populares por um tempo. E sobre Samsung, ela tem tem certo poder de supplier, pra além do poder de cliente como as demais bigtech, tanto que é o principal concorrente da TSMC.

Em relação a controlar/dominar o processo fábril acaba sendo uma questão mais de qual stakeholder é mais importante:o acionista em busca de dividendos/"growth" (bigtechs americas) ou governo local (Samsung e contratos de defesa americanos).Olhar uma Boeing é até interessante porque a defesa opera de um modo (processo fábril centralizado [DoD guidance]), mas o 787 na parte civil é case de globalização e cadeias de produção descentralizadas. 

Nuclear disarmers can’t forget the communities that rely on military spending - Bulletin of the Atomic Scientists (thebulletin.org) ( Um pouco sobre DoD guidance, e dinâmica de Lobby nos EUA)

Marcel Campos - Head of Global Marketing Operations and South America Marketing Director at ASUS North America. ( ele tá bem posicionado, pra dar uma perspectiva sobre desenvolvimento de projetos como um smartphone)

ePaper displays in 2020 - a market snapshot | E-Ink-Info.com (o título é auto explicativo)

How I Made My Own Android Phone - in China - YouTube  (cena tech em Shezen, a parte mais fábril e que vai pro aliexpress.A versao chinesa do edifício Central [Sta Efigêntia p/ Paulistas])



-Se virar mainstream, ou acender uma luz no Elon Musk, um veleiro tesla elétrico dominaria o mercado relativamente fácil. Até porque tem bastante mato alto na fase
de produção, e a Tesla tem conseguido se acertar em termos de processo fábril. Então qualquer coisa de 30pés com um preço razoável e o brand da
Tesla chamaria atenção.



-O mercado de modo geral hoje se divide entre esporte, veleiros
para travessias tranquilas (a maioria dos players listados se encontra nessa
classe), e veleiros para travessias intensas (Bluewater cruise). Isso porque a
realidade de mar numa à volta ao mundo pela linha do equador e pelos polos é
distinta (lembra do Cabo da Boa Esperança[Bartolomeu Dias]?é um dos motivos pro
canal de Suez existir).



Olhando alguns catalógos desses boatbuilders, na média com
algo entre 300-800mil USD você já compra uma casa razoavelmente luxuosa, colocando
na conta a loucura em que os mercados de realestate se tornaram no mundo rico,
e o fato de que isso vai acabar sendo uma compra, onde as pessoas vão poder de
fato morar com o advento de pacotes de dados acessíveis para offshore, pode ser que
estejamos no limiar de algo realmente interessante, em termos de humanidade e de mercado, ainda mais porque essas
empresas,  hoje,na média são equivalentes a See's Candies no momento em que o Buffet faz
a compra, qual delas vai capturar esse mercado é uma questão. E outra questão é
que elas estão na contramão dos inflows de capital rumos aos mercados
americanos,pois Europa, a maioria nem aparece no OTC Market.

Update 3: Mesmo no exterior o mercado gira bastante ao redor dos usados, então, por mais que 300mil usd/eur pareça bastante, o ticket médio hoje (num cenário em que a geração de renda a bordo é limitada), vai na verdade ser algo entre 50-250mil EUR. 

Sobre o Brasil, politicas iracionalmente restritivas a importação de barcos usados no âmbito da RFB fizeram o mercado de veleiros caminhar rumo a construções artesanais, em fundo de quintal (não no sentido perjorativo, é que pessoas realmente constroem suas embarções no quintal das casas [até mesmo embarcações pra pesca]). E olhando eventos do tipo boat show, predominam embarcações a diesel (parecido com o cenário americano, mas se por lá o "B.o.a.t. stands for Bring on another thousand" já é forte, por aqui seria mais "trais mais 10k", botando na equação câmbio e custos locais), então essa ideia de brinquedo caro para uso eventual, é dominante.

Sintése: O racional é que a possibilidade de gerar renda a bordo, via estruturas de comunicação acessiveis vai causar a expansão do mercado. Com mais gente enxergando isso como racionalmente possivel, o mercado de náutica recreativa, que hoje é ínfimo, vai invariavelmente ter um boom de marketcap. 

Eu tava começando a racionalizar isso, pensando em Garmin e Raymarine, a primeira é grande, mas tem toda uma parte de GPS que não essencialmente tem conexão com náutica; já a segunda é também um player importante na cena de autopilot, já foi listada independentemente, e hoje esta perdida dentro de um conglomerado militar (Flir Systems) que não sabe muito bem o que fazer com ela, já que ela é infima comparada as receitas que eles em tem em contrados com o DoD. 

Por quê eles compraram? Parece que tinha toda uma lógica de transformar tec de imagens (tipo visão noturna e térmica), um produto essêncialmente militar, em algo com aplicação civil. Ao que parece não deu certo e Raymarine seria vendida novamente, mas como as noticias são de janeiro de 2020, e nesse meio tempo teve a pandemia, e eles foram comprados pela Teledyne ( um outro player na cena de DoD contractors), que tem alguma coisa na parte de náutica civil, por hora o futuro de Raymarine é bem incerto.

Toda essa coisa Teledyne e Flir, tá girando em torno da consolidação dos DoD contratos, ano passado teve a United Technologies (um pouco de tudo:de ar condicionado [Carrier] a motor de avião[ Pratt & Whitney]) que fundiu com a Raytheon (Mísseis). Isso vêm numa linha de que o Trump tinha posições estranhas em relação ao complexo indústrial militar, e sempre que um Democrata se elege a impressa americana começa vender que o budget do DoD vai cair, quando na prática é bem segue o jogo. 

De resto tem um player japonês (Furuno) listado no Japão sem liquidez no OTC, e um outro alemão fechado. Isso pensando pensado na parte tec de náutica, com algum foco nos sistemas de autopilot.  

Alguns players listados (Boatbuilders) 

Buy a Yacht - Made in Germany | HanseYachts AG

Sailing yacht and motorboat builder | BENETEAU boat builder

Fountaine Pajot | Catamaran à voile de luxe et Motor Yacht (fountaine-pajot.com)

Players de BlueWater cruise, não listados porém interessantes (pela construção diferencida tendem a ser mais caros).

Home - AMEL

Iconic Sailing Boats & Yachts for Bluewater Sailing | Oyster Yachts

Hallberg-Rassy bluewater cruising yachts

NautorSwan

Player interessante na eletrificação da náutica

Oceanvolt




Crazy Costs of SuperYacht Internet 2020 ($900k for...) (a comunicação entre satélites parece que tem sido endereçada nos últimos lançamentos, mas nesse instante [março/2021] tudo está em beta ainda. Só pelo fim do ano até a metade 2022, é que o Starlink deve ganhar mais espaço nos trends sociais).

Aliás, indústria europeia (em relação a náutica).

Me encontro em estado de  'testando Microsoft sway' logo segue a pesquisa em estado meio bruto, compartilhada através delea qui 


Tuesday, March 2, 2021

Finanças de bilionário, divida pública e politica fiscal


Um dos argumentos mais frequentes no discurso dos
conservadores econômicos, em política fiscal, que é repetido de forma cega é a ideia
de que em algum momento as contas precisam fechar. Tal qual nas finanças
domésticas. A bem verdade, o atual quadro da dívida mundial é a prova cabal de
que as contas sequer devem fechar.



Toda a dinâmica do sistema atual é baseada no lastro em dívida
pública, alguns mais ousados falariam em dívida AAA, mas sendo objetivo a LVMH não imprime moeda. Esticando esse argumento é possível que em algum momento,
isso volte a causar conflitos na zona do Euro (não na Europa).



Quando pensamos em dívida pública geralmente o mindset é
pensar em “porque deu errado para alguns países?”, porém é mais interessante
pensar o porquê de alguns mercados terem dado tão mais certos do que outros?



Esse argumento ainda está em construção, e possivelmente
será atualizado.



No mundo moderno é fator comum para esses países, que deram
muito certo, que em algum momento eles tenham lidado com algum influxo de valor
muito forte, oriundo do exterior. Em termos de história recente Iceland é um
caso particularmente interessante, até porque em comum com outros países da
minha análise ele tem o controle sobre a própria moeda, mas permite conta em dólar. 

Update:(Ponto no paragráfo anterior: Primeiro ponto - O impacto do Influxo na entrada)



 Outro momento
importante para se analisar, é a formação do mercado de eurodólar no UK das décadas
de 50-60. Onde existe todo um influxo de moeda externa para o UK, que entre
outros objetivos, acaba resultando num enfraquecimento da libra. No contexto
desse mercado, você ainda tem a dinâmica desse dinheiro se mover rapidamente pelo
mundo.



Update: Lendo o Eizing(Paul), London tenta assegurar sua posiçao como centro financeiro (quando o dolar vira o mainstream financeiro) , isolando a libra mas assegurando o papel dos bancos Londrinos nas finanças internacionais.

Update2: Com o desenrolar do Brexit , "It's happening again" como trade de ações já não é a anos o carro chefe de Londres,a ideia agora é preservar preservar os futuros de commodities Ministers plan overhaul of capital market rules to boost City | Financial Times (ft.com) Em termos de commodities e pauta de exportação muito se fala em China/EUA, porém nesse aspecto para o Brasil os Países Baixos também são um parceiro importante, e com o Brexit Amsterdam vinha crescendo.


Dois países, que eu ainda estou revisando a literatura (em
estágio inicial), são Suíça e Japão. Na Suiça, o influxo de valor estrangeiro é
histórico, e se confunde com toda a dinâmica de dinheiro antigo europeu.  

O Japão
é caso mais recente, mas pelo modo como ele foi uma potência local em um período
que a economia da região esteve bem quebrada, isso aliado a introdução do
sistema bancário americano na região, deve ter gerado algum influxo dos países
da região (carece de verificação). Em comum essas duas moedas (JPY e CHF) são peças
importantes no modo como o mercado de FX se estrutura hoje (O dolar é majoritário, mas estes são pares relevantes), para além disso o
JP é exemplo claro de dívida impagável.

Update:Pro JP principalmente, o peso do softpower na relação com os EUA garante um influxo rumo a bolsa local. 



Olhando para o caso, em que atualmente eu estou mais
adiantado em literatura que é o UK, com o tempo esse capital se moveu para Tax Havens
britânicos (Jersey, Ilhas Cayman...) e a Icelando estatizou a parte mais local
do sistema financeiro ( isso quando depois de 2008 o fluxo de saída causou problemas no sistema financeiro local).

Update:( Ponto no paragráfo anterior: O que aconte após o influxo)  



Nesse contexto o quadro europeu é interessante, porque
alguns países conseguem desenvolver credibilidade para servirem como reserva de valor (em sua moeda ou no dolar) e esses se mantém com suas moedas, outros que falham em desenvolver
essa credibilidade passam a integrar o sistema franco-germano do euro. Tem a Itália
também mas como, meu foco principal é tax haven, o Vaticano e seu banco são uma
estrutura mais difícil de analisar, pra além disso a Itália falha nessa
construção de credibilidade.

Update:( Clarificando o paragráfo anterior: se o país falha na construçao de credibilidade própria abrir mão da própria moeda pode oferecer ganhos).

O Banco do Vaticano é uma dinâmica mais histórica que atual (ao menos aparentemente).



Esse é um ponto, interessante para entender o estado das
finanças globais na atualidade, é bem difícil achar alguma Fortune 500, que não
tenha subsidiária em alguma dessas jurisdições ou em Delaware, e demais equivalentes americanos. (Paragráfo se refere a citação na imagem)

E esses tax havens, precisam da exposiçao ao sistema de leis de suas ''mainlands'', até pra ter credibilidade que serve como uma layer de proteção em caso de litigio. 

Update:( Clarificando o paragráfo anterior: a ideia é que os sistemas financeiros de tax havens tem limites sistêmicos no que se refere a ser autonômo).



Vou deixar, isso em aberto por agora pra retomar o ponto
principal,
até porque em termos de avanços de pesquisa (de tax haven) é por aqui que estou.



Boa parte do capital mundial, reservas financeiras estão
baseadas/passam por esses lugares (tax havens) em direção as taxas de juros mais
interessantes. Se você lembrar que os principais fundos de investimento, em
termos de tamanho são os fundos de pensão, não é interessante para ninguém que
grandes economias tenham dívidas saneadas. Com os juros nos níveis atuais a situação
já é suficientemente complicada.



Quando você olha para uma dinâmica de dívida é melhor pensar
nas finanças de um bilionário. O Zuckerberg cria uma empresa de 700bi USD, mantém
a posse de 10% (valor hipotético, porque não é relevante para o exemplo), e usa
esses 70bi como colateral para ter acesso a empréstimo barato, para as despesas
cotidianas (se ele fosse de fato vender as ações, ele teria que abrir mão das
Golden Share dele). Digamos que desses 70bi ele consiga, em uma análise de
risco, transformar num empréstimo 10%, até porque ações oscilam então nunca
será 1 para 1.



Se a ação de Facebook continuar subindo, dependendo da taxa
de juros, que é ínfima ainda mais atualmente ele pode refinanciar esse empréstimo
basicamente ao infinito e além. Similar a dinâmica de mercado imobiliário americano
que estoura em 2008
, porém como o risco desses caras quebrarem é quase nulo,
essa bolha não estoura (a não ser que o cara seja russo e desenvolva uma inimizade
com o Putin, nesse caso um banqueiro que provavelmente é Suiço ou Londrino com
operações no Cyprus vai ter um problema). 

Para além disso é difícil ver um cara
como o Zuckerberg gastando mais de 300mi USD/ano, como pessoa física o. A
não ser que ele que ele queira comprar um Yacth, daí provavelmente teríamos uma
rebelião de acionistas, mas para esse perfil de networth boa parte dos gastos a
empresa paga. Pensando por esse lado, fica fácil entender por que a Cargill não
é pública até hoje, assim como boa parte do Agro Brasileiro.

Update: Tem toda uma discussao histórica sobre o que a empresa paga,e o que é gasto pessoal. Principalmente no que se refere ao uso de jatos corporativos. Essa discussão esfriou, mas de vez em quando reaparece. Nesse ponto é interessante pensar na história do BBJ da Boeing, que alguns dizem teria sido um pedido de diretores da GE.



Quando trazemos essa análise para a dívida pública, a gente
volta na dinâmica tradicional de que pouco importa o valor da dívida pública, o
que importa é a relação dívida/PIB se o PIB cresce, e o quadro de credibilidade
permite você manter essa taxa de juros equilibrada junto com o câmbio, a conta
de déficit não precisa fechar.

O PIB deve ser o foco da discussao, e em nossa analógia é o valor da ação de FB.



Ponto importante e particular da dívida pública é que ela
deve ser interessante mesmo depois que as consequências do mercado de FX entram
em cena, do contrário o país fica refém de emitir dívida em moeda estrangeira,
e no caso brasileiro a porta do FX é bem mais estreita do que o BC brasileiro parece conseguir
perceber, até porque o BRL tá longe de ser um par popular nesse mercado que é
coisa de 6tri USD/dia. Fora que toda a liquidez do BRL tá concentrada na B3,
então qualquer market maker fica com pouco espaço pra arbitrar e estabilizar
fora do contexto de B3, e esse é (no caso brasileiro deveria ser) um mercado
descentralizado.

Update: Esse argumento mais macro é bem livro texto, com a sistemática operacional de BC do Some unpleasant monetarist arithmetic, nem olhando tanto pras conclusoes. Mas na real o Fx é uma peça que faz falta ali, o que faz sentido já que não eh um problema numa perspectiva de FED, apesar que nessas ameaças de inflation GBP e CHF tem reações interessantes frente ao USD.



No mais, se uns conspiradores da inflação fazendo selloff de treasury já fizeram um barulho nos últimos dias, imagina se a China resolve acompanhar; é do deficit público que vem boa parte da integração global atual. (aliás Assistam Hamilton). 






Enfim, isso acabou sendo ideias jogadas ao vento, mas é um
pouco do que ando pesquisando e lendo.

Alguns links pra fundamentar, a maioria já tá no r/cecia , de resto vou atualizando aos poucos:

Several observations on capital flows in Japan - BIS papers No 15, part 9, April 2003

The Origins of the Eurodollar Market in London: 1955–1963 - ScienceDirect

The City of London: Geopolitical Issues Surrounding the World’s Leading Financial Center | Cairn International Edition (cairn-int.info)

The Overleveraged Economy of Iceland

Foreigners cut holdings of Brazilian public debt to lowest since 2009 | Reuters

UPDATE 1-LVMH set to raise $10 bln-plus from bond markets for Tiffany deal | Reuters (Yeld negativo)

__Pontos para reflexão:

  • A capacidade desses influxos de capital externo, impactarem no multiplicador monetário/bancário mesmo sendo em moeda estrangeira. Isso na medica em que essa criacao de moeda corre por fora do BC.
  • Na perpectiva progressista (econômica), existe(no BR) um cinismo em relação ao câmbio que através do silêncio dá respaldo a esse descontrole visto nos últimos tempos. Para além  do tradeoff juros-câmbio, o discurso parece mais centrado num ideário de  indústrialização distante da realidade,na medida em que o processo fábril vai caminhando na direção da commoditização e/ou da automação.

The tissue of social relations in Brazil and economic complexity

 I often miss meeting people with an inner world. They are out there, but even as you get through them it’s usually hard to dive into their ...