Sunday, November 19, 2017

Selic + Câmbio:Como Funciona?E a Verde / Stuhlberger ?











Bom eu já tinha falado um pouco sobre a
noção de prêmio de risco no tradução do Sargent 


( http://www.cinemaecia.com/2017/11/dominancia-fiscal-sargent-e-wallace.html
), então talvez seja interessante voltar um pouco pra falar da execução de
expectativas no câmbio. E como esses temas se conectam





Em economia assumimos que há eterna busca
por maiores rendimentos, que invariavelmente tende a um equilíbrio (tem uma
galera com umas viagens por aí...mas isso é outra história).


Na tradução do Sargent falamos sobre a
noção de que









Onde i é os juros na economia local, e i* é
o juros na economia internacional. Essa noção é verdadeira, na perspectiva em
que o capital sempre busca o maior rendimento - ao longo dessa busca, os rendimentos se igualam -, e depois disso o menor risco.
Então você acaba nesse trade-off entre risco e rendimento. Tanto é que o modo
usual para se medir o risco é a diferença entre os juros local e o juros da
dívida americana.









Então




Onde PR, é o prêmio de risco, mas você
sempre tem o risco de acabar em situações como essa
https://www.ft.com/content/94a6cbc0-c101-11e7-b8a3-38a6e068f464, e ainda ser acusado de dar suporte a zona que esta a
Venezuela,
https://www.cnbc.com/2017/06/30/goldman-sachs-reportedly-sold-controversial-venezuelan-bonds.html , enquanto tenta gerar um movimento no mercado de modo a gerar
liquidez pro ativo. Então sejamos razoáveis...Bom senso. Nesse caso em
especifico do Goldman Sachs com a Venezuela nem estamos falando do sovereign
debt (divida do governo), mas sim dos quasi-sovereign, que é a divida de
empresas públicas, que em última instância é também divida pública. Se você for
querer se aprofunda nesse detalhe, rolam umas maluquices tipo a Rússia
reduzindo a dívida do governo, mas estatais de petróleo e gás só emitindo
divida (você deve conhecer isso como debênture).











Mas voltando ao principal, apesar dessa
questão do Prêmio de risco no geral o que acontece é mesmo




Só que também
precisamos incluir o câmbio na nossa modelagem





Você morador de Rondonópolis com seus
dólares chineses, 




( https://www.bloomberg.com/graphics/2017-feeding-china/

https://www.ft.com/content/35af007e-49f6-11e7-919a-1e14ce4af89b ) digamos quer comprar dívida americana, tem seus 10k de reais
guardados.







Para comprar dívida americana a primeira
pergunta que você se faz é quantos dólares eu tenho. E a resposta é




O
que seria algo como




(1 USD=3,25 BRL)





Ao comprar seus 3076 dólares em dívida
americana, para além da taxa de juros você também quer saber qual será o câmbio
no momento em que resolver repatriar esse dinheiro com a taxa de juros.







Então digamos que você receba juros de
10% (O que nesse excesso de liquidez que se vê nos EUA hoje, é bem distante da
realidade, pros chineses e sauditas já tá é difícil achar alguém que aceite mais dinheiro ali).  Seu rendimento no momento da
repatriação será o rendimento da taxa de juros (para fins matemáticos 1,1 é de
1 [seu montante inicial] + 0,1 [os juros]).







(isso em USD)





Só que na hora
de trazer esse dinheiro de volta teremos o montante com os juros, vamos ter que






Multiplicar pela taxa de câmbio do
momento em que você quiser trazer esse dinheiro de volta. Já que ninguém
acredita muito no Brasil mesmo vamos supor o dólar a 7 reais, como já teve
gente prevendo na época do impeachment.




(Saldo em dólar(USD) multiplicado pelo câmbio Moeda estrangeira(USD), em termos de Moeda Local(BRL)=Valor em BRL)





Assim dentro da segurança da dívida
americana, seu retorno não foi apenas de 10% , mas sim de (com valores
aproximados porque né...)




ou seja 236%, que na verdade dá 136% de rendimento (2,36-1[montante inicial]=1,36), assim já dá pra começar a
entender como funciona a cabeça do pessoal na Adam Capital e na Verde Asset
Managemente, e esse é até um exercício bem simples. E claro dá pra imaginar a felicidade do cara que entrou com o dólar a 1,5 e saiu a 3,5.







Mas
como é que isso fica na forma de uma equação




Mas voltando ao nosso exercício principal então
acabamos com o seguinte caso, agora que abrimos a equação pra conseguir ver bem
como ela funciona.
















Só que agora para começar a entender como
é que isso chega na esfera macro vamos fazer um exercício para ver como o
câmbio atual responde, responde ao câmbio que você espera ter na hora de trazer
esse dinheiro de volta para o Brasil. Tudo que eu vou fazer na equação é
substituir o termo “Câmbio na saída” pelo termo “Expectativa de Câmbio” , já “câmbio
na entrada” vai ser simplesmente “Câmbio”, ou seja o câmbio de hoje













Agora é apenas o caso de reorganizar
(aquele velho isola x ou y, para o qual você nunca deu bola enquanto estava na
escola). E a equação vai ficar assim:









O i é a taxa de juros aqui no Brasil, e o
i*
é a taxa de juros nos EUA por exemplo,
se por acaso i* dos EUA, ou a expectativa de câmbio aumentar, e o governo não
se mexer (alô tio Meireles, tem vaga em Boston?Só se os esquemas em 2018 não
derem certo, claro
http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,psdb-convida-meirelles-para-disputar-a-presidencia-em-2018,70001993411 ) alterando a taxa de juros aqui no Brasil (AKA:Selic),
invariavelmente a resposta vai aparecer em um câmbio mais alto nominalmente (depreciado).





Justamente porque é na variação do câmbio
que a gente compensa as outras variações, o que é importante ficar claro, é que
muito da instabilidade no câmbio, essa zona que toda hora você vê subindo e
descendo sem entender direito vêm da expectativa que é imprevisível, afinal aos olhos externos a gente vive num país que tá discutindo o aborto sobre as bases
da bíblia. Só para constar esses dias eu tava lendo esse aqui
http://pubs.aeaweb.org/doi/pdfplus/10.1257/pol.20150299 que traz toda uma discussão sobre prostituição de rua na
Holanda...mas enfim isso já é outra discussão.





O que é importante de ficar claro nessa
noção é que a própria expectativa de câmbio
gera o
aumento no câmbio, e quando a gente for ver o Blanchard falando da eleição do
Lula, é aí que a gente começa a entender a discussão se o copom deveria ter ou
não aumentado a SELIC, quando o Lula estava tentando se eleger.







Eu deixei a variável “seu montante” ali, só
para não quebrar o processo lógico, mas na real o “seu montante”, vai pro lado
que estiver temporariamente maior em 




E esse ajuste vai acontecer justamente no
câmbio já que enquanto você vai buscando os maiores juros, nesse processo você  vai entrar na compra e venda de dólares,e o próprio livre mercado que a galera do MBL adora, vai
fazer o câmbio subir. Até porque trocar seis por meia dúzia, é ok, mas doze por
meia-dúzia já é idiotice.





No geral o que você poder ter alguma dificuldade
em captar, é que entre i ou Selic e o resto é só um jogo de proporções.















Aliás sobre a SELIC uma coisa na qual a
galera geralmente não se liga é que ela é na verdade uma meta. Do tipo que é executada
no processo de compra e venda, e não propriamente um número fechado, mas isso
aí já rende um outro post.





***


Dá uma olhada nessa entrevista do Márcio Appel https://goo.gl/UMSW1X


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