A discussão em torno da TLP coloca em cheque os problemas macroeconômicos presentes nas
estruturas do Brasil, e no modo como esses problemas acabam se traduzindo em distorções que
somente serão expostas nos trade-offs cotidianos da sociedade.
O Brasil é uma sociedade de baixos salários, e isso gera tendências ao empreendedorismo contudo,
em vista dos baixos salários, muitos dos empreendimentos surgem com pouco ou nenhum capital
inicial. Na outra ponta, no caso dos agentes que conseguiram acumular capital há o trade-off quanto
a destinação desse capital, como o Brasil vive um jogo de instabilidade na base da pirâmide salarial,
e ao mesmo tempo um quadro de estabilidade excessiva nas camadas intermediárias – e de certo
modo também nas mais altas- da pirâmide salarial em função de distorções sistêmicas como a figura
da estabilidade em cargos públicos, todo esse quadro acaba conduzindo a busca por investimentos
com pouco risco e que contribuem pouco para o desenvolvimento do país.
Nesse contexto de rigidez, a presença de uma taxa de juros historicamente alta em função da
inflação, acaba oferecendo um quadro de garantias excessivas que geram desestimulo a tomada de
risco em investimentos com maior potencial de fomento ao empreendedorismo. Ou seja no tradeoff
empreender Vs investir, temos uma balança que pesa demais no sentido do investimento, um
investimento de baixo risco, e agrava o quadro de estabilidade excessiva presente nas camadas
intermediárias e altas da sociedade brasileira.
Propostas como a TLP ao reduzirem o subsídio implícito no sistema de fomento público, geram um
processo de racionalização da dívida pública, que no longo prazo tende a melhorar a relação dívida
PIB, o que conduziria um menor risco na dívida brasileira. Nesse contexto, aliado a uma inflação
controlada e previsível, surge espaço para que a SELIC passe a operar em patamares mais baixos,
ganhado mais força de ação.
Na perspectiva em que uma SELIC em novo patamar, vai conduzir os agentes a um quadro em que
maior risco é compensado com a perspectiva de retornos superiores a Selic. Com mudanças nessa
estrutura de Trade-off investir VS empreender há espaço para que surjam na sociedade mudanças
comportamentais que alterem o coeficiente de peso da taxa de juros, impactando principalmente a
inclinação da LM, mas também na rubrica de investimento presente na IS. Há potencial para que
com mudanças na inclinação das curvas as políticas monetária e fiscal consigam gerar maior
impacto, com a Selic em um Patamar inferior ao atual.