Friday, March 23, 2012

Parabéns Aguinaldo

Todo mundo diz que o fim das novelas está chegando. Talvez esses numerosos, opinantes tenham razão. Hoje em tempos de globalização, e do assassinato da cultura local, só se fala em séries, músicas de terrível qualidade, que emplacam de uma só vez no mundo todo. Esquecem-se de que é a nossa música, a Bossa Nova e a MPB, é que são admiradas mundo afora.

As novelas podem acabar, mas elas são o melhor retrato do povo brasileiro, pelo menos de uma geração dele. A geração de pessoas que sonhavam que acreditavam que o dia de amanhã seria melhor, quando tudo conspirava contra essa ideia. Bom, esse dia chegou. Cá estamos nós, filhos dessa “pátria amada idolatrada”, em pleno crescimento. Somos hoje aquilo, que os brasileiros que viam as primeiras novelas, ainda na Tupi, sonhavam.

Todo brasileiro, tem aquela novela que não se esquece.  Particularmente a novela da minha vida, é, e sempre será “Senhora do Destino”, roteirizada pelo genial Aguinaldo Silva. Sou do tipo que sonhou, em como seria viver nas estradas desse Brasil, com “Carga Pesada”, seja quando Pedro (Antônio Fagundes) , e Bino (Stenio Garcia),  enfrentaram uma mula sem cabeça, lidaram com uma figura que morria, e acordava no meio do velório.

Talvez tudo isso, tenham contribuído com a ligação, que criei com esses últimos capítulos de  “Fina Estampa”, recheados de referências e citações a grandes obras da teledramaturgia brasileira, produzidas na última década.

Foi maravilhoso ver Renata Sorrah, falando sobre Nazaré Tedesco. Um dos ápices de sua carreira, vilã que agora, o tempo dirá se ganha uma equivalente a altura, dessa vez vivida por Christiane Torloni. Que no papel de Thereza Christina, pelo próprio personagem em sí, já constitui, uma homenagem  a essa vilã tão marcante, que em plena ditadura militar rouba a bebê Lindalva da nordestina recém chegada ao rio, Maria do Carmo, vivida por Suzana Vieira.

As pessoas gostam do que é óbvio, mas é provável que a ideia de um autor, por mais genial que este seja nunca corresponda ao que milhares de brasileiros imaginaram para um personagem, é o caso do Amante de Crô (Marcelo Serrado ,vive Crô). Foi brilhante, a forma como Aguinaldo Silva, deixou claro, que o amante não era quem todos imaginavam, e mesmo assim, não deixou nenhuma pista, de quem o era.

Onde Pereirinha (José Mayer), teria estado, quando todos acreditavam em sua morte? Um dos momentos mais, interessantes deste último capitulo, já que Aguinaldo responde sem responder, e dá margem a imaginação do espectador, com cenas que remontam na mitologia de Atlântida ( indiretamente).

“O futuro é dos jovens”, é com essa afirmação que Aguinaldo, e Lilia Cabral emocionam o espectador numa das cenas mais marcantes deste último capitulo , e que certamente será parada obrigatória, na análise da teledramaturgia brasileira, daqui a alguns anos.

E o que dizer da emblemática cena final, quando Tereza Christina, e o Pereirão se reencontram? Ficaria feliz, em ver o resultado desse encontro daqui a alguns, assim como Aguinaldo fez com o retorno de Irís (Eva Wilma) a Greenville.

Faltou algo? Como fã de “Senhora do destino”, posso dizer que sim: Um encontro entre Maria do Carmo (Suzana Vieira) e Pereirão (Lilia Cabral). Ambas as personagens que se assemelham tanto em suas essências. Uma com origens no sertão do Brasil, e outra vinda da distante terra de nossos colonos. com

Falhas: Toda produção cultural tem, mas nada melhor que um bom roteiro, para fazer que o espectador perdoe essas falhas, estando já tão envolvido  com os personagens, fruto do dom divino, e supremo da criação, que só um artista pode ter.

Daniel Rodrigues (@DanielR_DDRP)

Monday, March 12, 2012

Aparecida - O milagre (2010) -Personagens caricatos

A história é bem simples, porém tem a capacidade de convencer o espectador mais despretensioso. O longa narra a história de um garoto, que perde seu pai, um devoto fiel à Nossa Senhora de Aparecida. O detalhe no trágico evento, é que o garoto havia feito um pedido a santa, e era fiel a mesma — sem entrar no mérito religioso, é estranho, o fato de que o pedido não tinha nenhuma direta com o pai. Em seguida à morte do pai, o que se vê é um menino , revoltado com a Santa declarando ódio a mesma, em plena Basílica de aparecida.                 

O problema está justamente nos personagens, que acabam sendo caricatos, e clichês do cinema, das e mesmo da cultura popular. O mais óbvio é o personagem vivido por Murilo Rosa, numa de suas piores atuações; um milionário — é o garoto que quando criança declarou ódio à santa, agora crescido — que esquece das pessoas ao seu redor e se torna amargo e solitário, em meio a uma família de artistas.

O filme ainda peca, no velho clichê hollywoodiano , de querer explicar , e reexplicar tudo nos mínimos detalhes. Isso fica óbvio quando a cena da morte do pai, e entonação de ódio a santa feita pelo menino, e repetida na lembrança do personagem de Murilo Rosa. Essa técnica teria melhores resultados se aplicada em uma série de tv, ambiente de onde provém a diretora ,Tizuca Yamasaki, que tem em  seu curriculum episódios de séries como “As Brasileiras”, “Você decide”...

A beleza do filme, é justamente o cenário da cidade de Aparecida em São Paulo, é uma pena que a obra tenha uma cara de filme para tv, assim como todas as outras produções para o cinema da diretora, alguns exemplos são “Xuxa em o mistério de feiurinha”, “Xuxa requebra”.

Daniel Rodrigues (@DanielR_DDRP)

Thursday, March 8, 2012

Poder sem Limites (2012)- Brincando de documentário

“A Bruxa de Blair”, “[REC]”, “Cloverfield”, “Atividade Paranormal”, “Poder sem Limites”. O que esses filmes têm em comum? O estilo “mockumentary” (falso documentário), no qual assistimos à obra cinematográfica segundo a perspectiva de um dos personagens, que carrega uma câmera e registra tudo ao seu redor, por isso a imagem tremida e os cortes abruptos. Essa técnica foi sendo gradativamente associado ao gênero terror (“A Bruxa de Blair” em 1999 inaugurou essa tendência) com poucas exceções (“Cloverfield em 2008 apostou no filme-catástrofe). “Poder sem Limites” vem para se juntar a esse grupo e marcar suas particularidades: usar um pseudo-documentário num filme de super-herói.

Temos, então, a história de três amigos, Andrew Detmer (Dane DeHaan), Matt Garetty (Alex Russell) e Steve Montgomery (Michael B. Jordan), que certo dia encontram uma cratera no chão, onde no interior descobrem uma esfera luminosa. Depois de tomar contato com esse estranho objeto, eles adquirem poderes telecinéticos (a capacidade de fazer levitar e controlar objetos com o poder da mente). O que a princípio não passava de brincadeira juvenil, foi aos poucos se tornando uma ameaça descontrolada.

Um dos aspectos mais interessantes do desenvolvimento da trama é retratar os adolescentes de forma verossímil e próxima do público. Muitos dos diálogos e situações construídos realmente pertencem ao universo dos personagens, fazendo-nos acreditar que aquele que fala ou acontecimento poderiam acontecer na vida real. Exemplo mais do que claro disso é o fato de os adolescentes utilizarem seus poderes apenas se divertirem, como levantar a saia de garotas, assustar crianças ou fazer piadas com outras pessoas. Isto por sinal torna-se o ponto alto do filme ao combinar comédia e belos efeitos visuais.

Porém, citando o tio Ben de Peter Parker em Homem Aranha: “Todo o poder traz grandes responsabilidades”. O que poderia se resumir apenas a puro entretenimento, sai do controle a partir do momento em que Andrew começa a se aproveitar de sua habilidade para cometer atos violentos. Desde o início, já vemos como o garoto tem uma vida difícil: solitário praticamente com somente um amigo, o primo Matt (vale observar que Steve só se torna seu amigo após o episódio da cratera, quando Andrew não é mais considerado um loser), vítima de bullying na escola e filho de um pai bêbado e violento e de uma mãe doente em estágio terminal. A partir daí, entendemos como seus problemas afetam sua mudança de personalidade, de uma pessoa tímida e retraída para alguém em estado de fúria descontrolada, muito bem elaborada pelo roteiro.

Outro detalhe, que por sinal poderia ter comprometido o longa, importante foi a justificativa encontrada para o uso da câmera o tempo todo. Toda a ideia de Andrew empregar essa tecnologia como uma barreira de proteção diante de um mundo hsotil a ele é crível com o personagem e a realidade em que vivemos. Da metade do filme em diante, a escolha de mostrar a câmera sempre do alto, em função dos poderes telecinéticos dos garotos, revela-se acertada por trazer à tona a importância da imagem para os jovens, seja como auto-afirmação, seja como apreciação de sua suposta superioridade. Em outros instantes não ligados a essas duas questões, a câmera subjetiva é usada sem uma explicação convincente.

Por outro lado, a produção também possui seus pontos, principalmente em termos de direção e construção narrativa. Em certos momentos, esbarramos em diálogos, cenas e personagens desnecessárias (tudo referente a blogueira, por exemplo). Além disso, a cena final tem seus méritos (a força de um desfecho impactante e a opção por variar os enfoques da cena, ora a câmera do personagem, ora a câmera do diretor, ora celulares na rua, ora circuitos de segurança), mas também erra ao termos o diretor Josh Trank num estilo nervoso e confuso que remete aos piores dias de Michael Bay na franquia Transformers.

“Poder sem Limites” ao final mostra-se uma boa diversão. Não é perfeito, mas funciona como filme de ação com toques cômicos e dramáticos e, acima de tudo, indica outras possibilidades ao “mockumentary”.



Wednesday, March 7, 2012

CinePod: Oscar 2012

Está no ar o novo podcast do Cinema & Cia, o CinePod. Nesta edição Rodrigo Rocha, Ygor Pires e Daniel Rodrigues comentam a 84ª edição do Oscar, realizada no domingo dia 26 de fevereiro. A divertida conversa é embalada pela trilha sonora dos filmes indicados à maior premiação do cinema mundial. Pluguem os fones de ouvido, e divirtam-se. Ah, mande seus comentários para contato@cinemaecia.com



Friday, March 2, 2012

Efeito Justin Bieber no OSCAR

A Academia ,já vinha a anos sofrendo com a queda na audiência ,do OSCAR, na TV americana, a ponto de em 2011, ter uma das piores audiências da década. Entretanto em 2012, parece que a estratégia de entregar dois prêmios ,a cada dois minutos que se passavam, e diminuir o tempo dos discursos, ou seja; deixar a premiação mais ágil e mais jovem, deu certo. A audiência da premiação subiu 4% em comparação ao ano passado (Com informações do Blog do Jornalista Daniel Castro).

 Um OSCAR, mais teen, foi o que se viu na premiação desse ano. Apesar, de não premiar Harry Potter, não levar nenhum dos prêmios técnicos, pelos quais brigava, a premiação contou com uma curta aparição de Justin Bieber, que sinônimo, de sucesso junto à adolescentes.

A premiação, e o tapete vermelho, que antecede o OSCAR, renderam o primeiro e segundo lugar, respectivamente, em audiência na semana que vai do dia 20 ao dia 26 de fevereiro.



Clique na imagem para ampliar.

Daniel Rodrigues (@DanielR_DDRP)

The tissue of social relations in Brazil and economic complexity

 I often miss meeting people with an inner world. They are out there, but even as you get through them it’s usually hard to dive into their ...