Monday, October 11, 2010

Menos violência e mais lógica




Tropa de Elite 2,2010


  Não sei se foi devido ao pré-feriado  (afinal amanha é o dia de Nossa senhora de Aparecida ) ,mas nunca tinha visto o cinema que costumo freqüentar tão cheio ( O Box de São Gonçalo,RJ ),quase desisti de assistir qualquer filme — até porque,não havia mais ingressos para o filme que gostaria de ver,todas as sessões de “Tropa de elite 2” estavam esgotadas — mas acabei encontrando alguns conhecidos na fila — faltava “pouco” para que chegasse,a vez deles serem atendidos pelo caixa  — aproveitando-me do fato,me aproximei apesar de nunca ter conversado muito com estes,e acabei conseguindo me livrar de um bom pedaço da fila.Faltava pouco para chegar minha vez no caixa,já não tinha mais esperanças de assistir “Tropa de elite 2”,mas quando menos esperava,aparece um individuo que está à vender um ingresso — para a sessão que viria a seguir de “Tropa de elite 2” — pelo mesmo preço,que pagaria em outro filme,sorte não ? Ao término da sessão,observando o ingresso,percebi que o individuo o havia comprado no dia anterior,e por aqui em São Gonçalo é isso que se vem fazendo necessário,para assistir à “Tropa de elite 2”.Ainda não se tem certeza,de como andam os lucros de “Tropa 2” (nome alternativo,para “Tropa de elite 2) — as poucas informações existentes (até o momento) indicam que o filme já superou as estréias de filmes como, “Chico Xavier” e “Nosso Lar”,e já é considerado a melhor estréia do cinema nacional — ,mas considerando as dificuldades que tive para assistir ao filme e as poucas informações existentes,digo,em breve o filme deve superar o recente sucesso,obtido por “Nosso Lar” — vale lembrar:o orçamento de “Nosso Lar”,é quase o dobro do orçamento de “Tropa de elite 2”— ,alavancado pelos feriados que ainda estão por vir ( dia 12, Nossa senhora de Aparecida e dia 15,dia dos professores ).Quão cheia estava a sala em que assisti a “Tropa de elite 2”,que haviam pessoas que se acomodaram no chão desta.



Wagner Monte em seu programa na Rede Record
   Se comparado ao primeiro filme da franquia, “Tropa de elite 2”,é um filme com muito menos tiroteios,e mais lógica,esse segundo filme mostra os bastidores,e quem são aqueles,que realmente mandam naquilo que havia sido mostrado no primeiro filme,e ao contrário do primeiro filme,o principal problema da trama não tem uma solução ao fim do filme — no primeiro filme,o problema é resolvido com a morte do traficante baiano. “Tropa de elite 2” tem logo no inicio do filme um breve texto,que indica,que apesar da similaridade com a realidade o filme é uma obra de ficção,diferentemente daquele já tradicional “qualquer semelhança é mera coincidência”,o filme é muito mais uma crítica,ou mesmo denúncia, à aquilo que no dois filmes da franquia é conhecido como “sistema”,algo que apesar de no filme ser uma grande “ficção”,não é muito difícil,acreditar que exista na vida real.Se você assistiu ao primeiro filme vai reconhecer muitos personagens nesta segunda parte da franquia,que agora ganham importância na história,mas também vai ver muitos personagens novos como um pacifista,que defende os marginais que são tão odiados pelo personagem de Wagner Moura,que em “Tropa 2”,deixa de ser capitão Nascimento,e passa à ser Coronel Nascimento,talvez esse tenha sido o único erro de José Padilha em todo filme,tirar uma característica tão importante do personagem,mas essa “falha”,acaba sendo facilmente perdoada,quando se percebe à mais que óbvia superioridade,deste “Tropa de elite 2” para com o primeiro filme da série lançando em 2007.Apesar de dar prioridade ao jogo de interesses, conhecido como política,o filme não deixa de lado aquelas características  que tanto marcaram o primeiro filme (a ação,dos tiros constantes). “Tropa de elite 2” também é mais econômico nos palavrões,já que agora a trama não se desenrola mais nas favelas do Rio de Janeiro,mas sim no Palácio da Guanabara (sede do governo Rio de Janeiro) e no Palácio Tiradentes (Sede da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro,ALERJ).Ironicamente o terreno que hoje é ocupado pela sede da ALERJ,já abrigou uma prisão na qual Tiradentes foi preso.Em “Tropa de elite 2”,a figura de Fortunato,personagem de André Mattos,me lembrou muito o apresentado Wagner Montes,que no Rio faz sucesso entre as massas apresentado o “Balanço Geral”,na Rede Record,ironicamente ou não os dois personagens tem um programa de tevê que faz sucesso entre as massas com foco na segurança pública,e se destacam por suas excentricidades,e ambos possuem cargos públicos.Mas como José Padilha (roteirista,diretor,produtor,e distribuidor) nos avisa logo no início do filme, “apesar das semelhanças com a realidade,o filme é uma obra de ficção” (não exatamente com essas palavras).Uma cena que muito me chamou a atenção,foi aquela na qual Nascimento,diz que toda a polícia carioca deveria acabar,por meio dela tornasse óbvio,à que o filme veio.Ainda nessa cena o filme faz uma breve alusão ao projeto “ficha limpa”,que foi muito discutido nessas eleições.



Não parece com o programa do Wagner Montes






 Nesse filme,diferentemente do primeiro nenhum personagem chama mais atenção que o próprio Nascimento,até porquê,são poucos os momentos em que a câmera se desvia dele,e os raros momentos em que isso acontece são geralmente narrados por Nascimento, que por meio da voz de Wagner Moura,marca também esse segundo filme,assim como já havia ocorrido no primeiro filme.Não podemos deixar de mencionar também a maravilhosa atuação de Wagner,que em “Tropa de Elite 2”,se consagra como o baiano mais carioca do Brasil,e como o excelente ator que é.José Padilha também merece seu crédito,já que participou ativamente dos principais setores durante a produção de “Tropa 2”,sendo diretor,produtor — Wagner Moura é co-produtor do filme,ao lado de outros grandes nomes — e roteirista além de participar da distribuição do filme,que desta vez não conta com a Universal Pictures,e apesar de estar envolvido em tantos setores conseguiu produzir um maravilhoso trabalho.

1 comment:

  1. Li com atenção seus comentários e gostaria de também compartilhar minhas impressões. Para mim é difícil, pelo menos agora, saber qual dos filmes "Tropa de Elite" é o melhor. O segundo é mais cinemão, está mais maduro e foi feito mesmo para faturar. Ele se resume (correndo o risco de ser injusto) na vida particular do Coronel Nascimento e de sua luta contra a sujeira do sistema, sistema esse agora mais escancarado do que nunca. Enquanto o primeiro filme tratava da superfície do crime (embora violentíssimo), este, o segundo, se atola nas profundezas da corrupção do Estado. O tráfico é apenas um sintoma do câncer social
    que ora se apresenta. O primeiro filme, talvez pelo orçamento mais apertado e pela novidade da coisa, é muito mais visceral. Os atores tinham sangue no olhar e, como já
    é sabido, sofreram muito nos ensaios. Era um filme do BOPE e ponto! Neste segundo os atores estão muito mais seguros. A direção mais madura é prova também do crescimento do diretor, porém - e repetindo, para mim - o BOPE faz falta e quando pensamos que "vai pegar geral" perdemos, no filme, o que agora seria o símbolo e a força dessa guerra. Não me entendam mal. Adorei o filme e o assistirei de novo mas ainda estou confuso sobre de qual gostei mais. Talvez, e só talvez, a técnica agora mais apurada tenha tirado do espetáculo e dos que dele participaram o que me é mais caro: a alma, a gana, a raiva, e vontade de "ser o filme". Quem sabe neste segundo filme a grandiosidade tenha forjado grandes interpretações e técnicas impecáveis porém tirado dos envolvidos um pouco da vontade de fazer o impossível e ir além. Presenteando-nos com mprovizações, sofrimento, sangue e vômito. Sei que soa duro mas na tela é o que nos arrebata! Vou parar, digerir, pensar um pouco sobre isso.
    Mas posso adiantar que ambos os filmes, sejam por quais razões, são imperdíveis e um marco para o cinema nacional. Já fizeram história e é disso que são feitos os espetáculos e as lendas .

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