Saturday, October 16, 2021

The tissue of social relations in Brazil and economic complexity


 I often miss meeting people with an inner world. They are out there, but even as you get through them it’s usually hard to dive into their inner world.  There’s some magic to happen when this kind of people can put the whole world into their inner world, artists are great at doing that. But most of the time people like that just end up trying to fit in some fucked up reality. Brazil itself has a structure where peoples personality is usually built through other eyes, money is made through social relations, and there’s a lack of thinking in Brazilian economic structure. If someone gets rich, it probably was through some kind of “buy and sell” stuff. So social relations usually don’t tend to move towards economic complexity, with the building of ideas and thinking as a product.

Kind of interesting, how I get the feeling that the main problem in Brazil is in the tissue of social relations, where most of the human relations are meaningless, guided only by social animal instincts. If there ain’t complexity, thought building on the human relations itself, it seems out of touch with reality to expect that some economic complexity will grow out of nowhere.

I’m far from being a eugenics guy, but the reality is that there’s not much, so if people don’t create anything, there will never be anything. Not saying that we will end up going back into the caves, but if human relations are not guided towards the building of collective thinking things won’t go anywhere.

And lately, I get to be fascinated, but how the main difficulty on organizations is precisely on the matter of doing things in a group. Someone can always do the whole planning alone, and on simple commercial activities that is usually the case, but the building of complex thought in-group/companies that would be the base for economic complexity seems somewhat harder.

Those are just some initial thoughts, but maybe there are some insights from Yuval Noah Harari that could be applied to the building of economic complexity. The whole Peugeot thing being one of the most interesting ones.

Tuesday, August 17, 2021

Dinâmicas do Oriente médio e Afeganistão

 O ano é 2021 e o Afeganistão reaparece no noticiário, a última vez que se fez menção a tal país foi ainda no pós 2001, uma menção tão secundária que ainda nos dias de hoje a distinção entre Iraq e Afeghnistan não é clara para muita gente.

Numa recapitulação dos eventos.

Após a queda das torres gêmeas os EUA se engajaram em dois países na região do oriente médio/ásia central.

Mapa<br /><br />Descrição gerada automaticamente

No Iraq o objetivo é derrubar Saddam Hussein, numa operação de inteligência que ficou famosa por não ser muito eficiente. Já que a tese na qual a operação se baseou, era relativa à existência de armas químicas, que já não existiam mais no momento da invasão. No Afeganistão o objetivo era controlar a Al-Qaeda, que tinha uma ligação histórica com a região remontando as guerras com a União Soviética.

Como os EUA sabia das armas químicas?

Mapa<br /><br />Descrição gerada automaticamente

Anos antes, esses dois países estavam em guerra, como o Iran já era um problema antigo dos EUA remontando a revolução, os EUA suportaram o Iraq nessa guerra, daí até hoje se acusa os EUA de terem fornecido a tecnologia de armas químicas para o Iraq (é uma especulação frequente nesse tópico).

Na real eram empresas alemãs, mas pelas dinâmicas internas da Alemanha do pós-segunda guerra é dificil apontar com clareza qual o set de interesses no forncecimento de Gás mostarda (entre outros itens) pro Iraq nesse periodo.

Iran pursues German companies that gave Saddam Hussein chemical weapons – People's World (peoplesworld.org)


Interface gráfica do usuário, Site<br /><br />Descrição gerada automaticamenteInterface gráfica do usuário, Texto, Site<br /><br />Descrição gerada automaticamenteTexto<br /><br />Descrição gerada automaticamente

Iranian Revolution - Wikipedia

Iran hostage crisis - Wikipedia

Iran–Iraq War - Wikipedia

Ponto interessante para entender as dinâmicas da região, e superar a ideia de que é tudo por causa de petróleo...é entender que as pessoas acreditam na religião, e a legitimidade das figuras monárquicas da região emerge desse elemento teocrático.

Assim dá pra começar a entender que, sim, as motivações ocidentais são principalmente petróleo e contratos militares trilionários, mas na média as pessoas acreditam bastante naquilo pelo qual estão se dispondo a morrer. E essa é uma questão que se perde fácil, fácil em qualquer approach midiático, sobre a região, seja falando sobre o Hamas,  Fatah e agora sobre o Taliban.

Já chegando na questão Afghan, o seguinte trecho dá uma dimensão da construção de legitimidade na região.

Texto<br /><br />Descrição gerada automaticamente


Se a região já é complicada, o Afghanistan em si é ainda repleto de peculiaridades. 

Mapa<br /><br />Descrição gerada automaticamente

Ao Norte os soviéticos, a oeste o Iran (epicentro Shia), ao sul o Pakistan que geralmente serve de proxy para a Saudi Arabia (epicentro Sunni). E mais recentemente a China se tornando um outro epicentro de poder.

Tem vários modos de explicar essa questão Shia-Sunni. Em termos de história Islâmica, o Islã começa na península arábica, num momento que o atual Irã, antiga Pérsia, ainda seguia a tradição zoroastra.

As cidades sagradas islâmicas são no KSA (Kingdom of Saudi Arabia), e esse elemento junto com o suporte financeiro que Riyadh oferece para a região, concede legitimidade a liderança que o KSA exerce no mundo islâmico. [Um ponto é que na época não existiam as fronteiras de hoje, daí emerge a importância de Jerusalém...teorias mais recentes, e não muito aceitas também atribuem uma razoável importância a cidade de Petra na Jordânia].

Texto, Carta<br /><br />Descrição gerada automaticamenteTabela<br /><br />Descrição gerada automaticamente

Calling Iranians “Descendants of the Magi” Is Actually a Compliment – LobeLog

Ainda tem uma infinidade de tópicos possíveis de serem abordados,mas acho interessante entrar na questão Afghan logo.

Qualquer apresentação sobre o Afghan invariavelmente caí na questão do terreno, é uma região naturalmente dividida por montanhas que até 2001 praticamente não tinha estradas, durante a ocupação se fez um esforço, no sentido de resolver isso.  Contudo, na tática de guerrilha que impera entre as tribos da região, destruir e controlar essas poucas estradas é uma peça central na estratégia de controle das populações.

Outro ponto a se considerar é que a região é repleta cavernas, e o conhecimento desses sistemas era uma vantagem operacional absurda nessa técnica de guerrilha, e ainda é eficiente quando pensamos que cavernas são também proteções contra ataques de drone, que tem sido um operacional bastante utilizado nos últimos tempos entre as operações ocidentais.

Why Afghanistan Is Impossible to Conquer - YouTube

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É interessante observar como essa distribuição das tribos transgride fronteiras. O Taliban é majoritariamente Pashtun, seguindo uma linha Sunni numa linha Wahhabism - Wikipedia que vai em direção ao ultraconservadorismo. Esse approach já causou um enfraquecimento no suporte ao grupo no passado.

Muito da identidade das tribos Afghans gira ao redor da figura do guerreiro, defendendo a região contra invasores. É difícil falar numa identidade nacional Afghan com alguma uniformidade, geralmente a identidade está mais associada ao grupo tribal. Ponto interessante é que essa é uma peculiaridade Afghan, na medida em que as dinâmicas de identidade nacional são razoavelmente consolidadas na região ao redor das histórias de grandes líderes e impérios. O problema é que no caso Afegão, em boa parte da narrativa histórica eles estão resistindo a alguma dominação, e essa resistência acontece mais na forma do guerreiro tribal do que através de alguma estrutura de  estado nação. 

Texto<br /><br />Descrição gerada automaticamente

Esse trecho realça um pouco uma outra dinâmica peculiar do Afghanistan, que é essa interação de uma dinâmica de guerreiro tribal com a religião. No caso Afegão, esses são eventos históricos ainda muito recentes, mesmo quando comparados aos outros países da região.

Mapa<br /><br />Descrição gerada automaticamente 

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Texto<br /><br />Descrição gerada automaticamente

Analyses - Madrassas | PBS - Saudi Time Bomb? | FRONTLINE | PBS

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Um ponto interessante pensando nessa dinâmica de colaboração da sociedade Afghan com o Taliban, é que mesmo sendo incerto quanto dessa colaboração é na verdade coerção; o Taliban se mostra como um grupo que já tem uma estrutura organizacional que lhe permite exercer controle sobre a sociedade. E o próprio exercício desse poder, foi elemento central no que tange a impedir que o governo de Kabul atingisse alguma legitimidade interna, isso enquanto perdia legitimidade diante da comunidade internacional.

No geral dá para continuar a mapear o Afeganistão e o Taliban, em várias dimensões ainda, no caso vou me limitar a indicar esse artigo 

Taliban:An organizational analisys

Taliban:An organizational analisys+Destaques (Com meus destaques)

No mais:


  • A consolidação do poder não vai ser um processo óbvio, vai depender muito do Taliban conseguir manter alguma coesão entre as células da base (ver o texto).



  • O Taliban é um fenômeno de um grupo de tribos que domina boa parte região, mas há outras tribos, com diferentes estruturas linguísticas e sociais, e todas armadas, então esse é um outro canal possível para surgir uma insurreição


  • ““Afghanistan is like a weapons depot,” he said. “There is no shortage of guns. Every household has them. Some are old AK-47s that people hid away from the last wars, others are more recent.”” Ref


  • No geral o sucesso/fracasso deste governo vai depender de como ele vai se equilibrar entre os centros poder do Muslim World (KSA e Iran). Apesar da atenção que Índia, Rússia e China têm ganhando nessa cobertura midiática, os únicos países com uma clara agenda para a região são KSA e Iran; geralmente essa agenda é executada através de proxyes. Bitter Rivals: Iran and Saudi Arabia, Part One (full film) | FRONTLINE - YouTube

  • Sobre a postura dos EUA, é razoável: O Afeganistão vinha sendo mais uma questão do UK+NATO, e principalmente depois da captura do Osama Bin Laden vinha sendo só mais questão de manutenção de statusquo. Fora que a saída dos EUA atende a um set de interesses regional, que pode favorece a retomada do acordo nuclear com o Iran.


Dica de Filme:

Zona Verde (2010) - IMDb

Vice (2018) - IMDb

Jogo de Poder (2010) - IMDb

Os três abordam diferentes ângulos da mesma história, e são bem complementares





Saturday, July 17, 2021

Deixando de ser refém do noticiário



Elemento comum a qualquer pessoa viva na atualidade: acompanhar o noticiário. Mas como acompanhar o noticiário sem se tornar refém do fluxo de notícias? Um primeiro ponto para se ter em mente é que as notícias se tornam públicas, e passam a integrar o noticiário, na medida em que são apuradas. Então um primeiro passo para deixar de ser refém do noticiário é começar a entender qual o conhecimento as peças que aparecem esporadicamente no noticiário estão desenhando/formando. A partir desse desenvolvimento, quando as peças do noticiário, se tornam partes de um saber, o indivíduo ganha a possibilidade de antever os próximos desencadeamentos do noticiário.  


Soa abstrato, mas é até que bastante simples. Agora mesmo o noticiário está repleto de discussões e notícias sobre a falta de chuvas e o risco de crise energética. Para começar a antever os próximos desenvolvimentos na questão, e deixar de ser refém do fluxo de apuração do noticiário; o próximo passo natural é entender como funciona a geração de energia elétrica no Brasil, e em termos prático: quão expostos ao risco estamos?  




Construído o entendimento geral do sistema, eu particularmente, começo a procurar como os pequenos detalhes se encaixam nessa lógica geral. Em termos de metodologia cientifica/empirista, isso seria dedução, já que partimos de lógica geral para só então olhar os detalhes.  A indução seria o caminho inverso, na medida em que parte dos detalhes; no que tange a antever as discussões no noticiário não creio que seja uma metodologia eficiente. 


Dificilmente você vai conseguir encontrar qualquer coisa, enquanto busca por complexidade. Então busque por coisas idiotas e simples. Qualquer especialista dando entrevista, tende a estar mais preocupado com o próprio ego, do que com a informação sendo transmitida. Tendo isso em mente, ele enfoca na complexidade da informação sendo transmitida. No mundo real, em se tratando de fenômenos humano-sociais, dificilmente complexidade é útil pra explicar muita coisa. 


Quer ver um exemplo: Da pseudociência idolatrada por financistas, a análise técnica o que funciona melhor é o simples, justamente porque é a primeira coisa que as pessoas buscam institivamente. É a diferença de você procurar um livro secreto de análise técnica, que pouquíssimas pessoas conhecem, ou comprar o mais popular pra entender o que as pessoas vão estar procurando, baseado na metodologia do livro. Em última instância, você não está mais procurando pela “análise técnica”, mas sim como as pessoas que leram aquele livro vão construir um racional sobre o que está acontecendo no mercado. Em outras palavras como “pensam” os leitores desse livro, e como o conteúdo apresentado no texto influencia o seu decisionmaking? 


É hipotético, porque eu nem acho que exista um manual dominante em análise técnica. 


Mesmo no caso de algo como energia, teoricamente mais hardscience, é mais provável que falhas operacionais aconteçam porque duas pessoas não se gostam (um problema social de comunicação), do que por alguma complexidade técnica. 


 Então é sempre preferível buscar a simplicidade onde ninguém está olhando, do que um detalhe da complexidade para onde todos estão olhando. Isso no âmbito de fenômenos sociais estritamente humanos. 

Ainda na dinâmica de simplicidade ou complexidade. Entre especialistas, acadêmicos ou de mercado, o natural é uma busca cega pela complexidade...uma questão de ego..., mas bem verdade é que a construção de complexidade só deveria responder a demanda. Por exemplo: Eu tenho a teoria atômica da Grécia antiga, e todas as discussões atômicas da físico-química moderna. Mas a físico-química moderna responde a uma demanda moderna da geração de energia nuclear e da bomba atômica. E na maioria dos casos não científicos a complexidade é dispensável.  


No que tange a antever o noticiário, provavelmente o melhor seria uma busca bem seletiva por complexidade, partindo de um entendimento geral simples. 


Sobre apresentar alguma conclusão: é sempre interessante se limitar ao “explain like i'm five”, claro que diferentes audiências vão apresentar diferentes demandas por resposta; mas a dinâmica do “explain like i'm five” é útil na conquista da audiência e no processo de conduzir essa audiência a perguntas mais complexas. Claro que conhecer o interlocutor facilita no ajuste da oferta de complexidade, mas no mundo real é interessante ver como nomes conhecidos da economia, enquanto eulirico, são quase irreconhecíveis quando comparamos seus bestsellers com seus artigos científicos de periódico. 

Tuesday, June 8, 2021

Ibn Khaldun (Reflexões): Consenso civilizatório e vida nômade

O legal de se aproximar de textos como Al Muqadidimah é que
lidando apenas com o óbvio, fatos simples e universalmente aceitos, você começa
a fazer associações e perguntas que ninguém mais faz nos dias de hoje.



O Ibn Khaldun era um Faqih, um jurista. Não que um jurista
na tradição Judaíco-Cristã seja a mesma coisa que na tradição Islamo-Arábica,
mas é assim, na forma de um juiz, que se define a atuação do Faqih na
historiografia atual.

AUDIOTEXTO - Texto lido com alguns comentários

É possível se traçar um paralelo na relação do Rabbanut com
a Torah, onde o consenso jurídico vai sendo moldado na Talmud. No caso Islâmico,
que é uma tradição bem mais jovem que o Judaísmo, o texto que dá base a essa discussão
jurídica é a Quran. No meu estágio atual de leituras, ainda não tenho certeza
quanto a existência de um equivalente a Talmud no Islâmismo.

Update: Respondendo a essa pergunta, esse texto deixa a ideia que o equivalente seria a Fiqh, que não parece ser um livro fechadinho como a Talmud, mas escolas de pensamento mais dispersas...enfim as bases do Direito.

Islamic and Talmudic Jurisprudence: The Four Roots of Islamic Law and Their Talmudic Counterparts on JSTOR

What is Fiqh in Islam? - Quora 

O que é a talmud (explicação curta e contextualização)? ou aqui.

 O ponto é que nessas discussões jurídicas você começa a ver
a busca por um consenso na interpretação de um conteúdo, o que vai depois ser peça
central no “fazer ciêntifico”.

Update(comentário adicional): Pensar nessa construção do consenso ciêntifico, através do fato em sua forma bruta no horizonte de economia-historia-humanidade é complicado, porque essa discussão existe a uns oito mil anos então então você já transcendeu o fato simples com complexas explicações. Mas olhando para evolução da discussão em biológia o fato simples para origem da vida é a teoria da abiogenese (Spontaneous Generation), a partir desse fato simples a discussão ganha complexidade e o consenso se forma ao redor da melhor explicação para o fenômeno de origem da vida.

No caso da análise de fenômenos humanos, definir o fato simples é complicado porque usualmente você se depara com o "o que é" e com  "o que as pessoas querem acreditar que é".

Ciêntificamente o que importa é o primeiro (algo mais "hard science"), mas como as pessoas agem de acordo com o que acreditam (expectativas é um caso interessante) o segundo também é importante, e pra isso existe economia.

Filósoficamente isso aparece no mito da caverna 

Plato’s Allegory of the Cave - Alex Gendler - YouTube 

Essa questão do sistema de crenças, e da importancia daquilo que as pessoas acreditam tá bem discutida no Sapiens: Uma breve história da humanidade

 

  continua aqui 



Nos textos judaicos o mandamento é “não roubarás”
(hipoteticamente) mas qual a definição de roubar? No debate de massa no Brasil,
isso descamba fácil para uma troca de xingamentos, mas quando se impõe um approach
técnico-científico-jurídico nisso, você percebe que para definir o roubo,
primeiro é preciso definir o que é a propriedade.



E isso já começa a impor um outro set de questões filosóficas...
Digamos que nas minhas terras haja uma pedra para a qual eu não dê importância,
até que alguém se declare o dono dessa pedra. Quem tem o direito sobre essa
pedra? O dono da terra, ou quem deu importância para a Pedra?



Uma coisa é fazer esse tipo de discussão em um terreno de 20mx20m
em São Gonçalo, onde a pedra pode (hipoteticamente) ser um diamante, um fóssil
ou ainda uma pedra sem valor. Outra coisa bem diferente é quando o terreno é um
deserto arábico controlado por uma figura monárquica, e a pedra é a Kaaba. Quais
são os argumentos que devem embasar tal discussão?



Invariavelmente quem escreve as leis/normas técnicas, tem um
set de interesses.



Corrupção é tudo aquilo que o
outro – o estranho faz – o que eu faço são negócios em que todos os lados saem
ganhado.



Na discussão do terreno e da propriedade, é possível encaixar
qualquer complicada disputa de fronteiras na contemporaneidade, no final ganha
quem consegue construir o consenso.



A tradição judaica é a base do consesso em que vivemos hoje.
E embora haja um esforço midiático de opinião pública para conectar esse consenso
com textos clássicos da Grécia Antiga, o judaísmo em sua interpretação atual
que é documentada nas talmuds, e outros tantos textos, tem uma troca de
influências também bem forte com o Zoroastrismo.



Judaism
and Zoroastrianism: Prof. Shai Secunda, Dr. Domenico Agostini & Dr. Samuel
Thrope - YouTube



Quando você olha pra Israel hoje, essa disputa na construção
de consessos civilizatórios/dominantes é um dos aspectos para se considerar,
porque a oeste de Israel se forma um consesso relativamente uniforme no
pensamento judaico-cristão, enquanto que a Leste, embora o Zoroastrismo enquanto
tradição de ideias seja uma das estruturas mais bem  “academicamente mapeadas” (até pela
influência que exerce no Judaísmo) ele não era uniforme e/ou universalmente
aceito. Somente o Islam vai conquistar essa ampla aceitação no Leste de Israel.



Quando a falo a Leste e oeste eu
não busco precisão geográfica, até porque o sul do mediterrâneo tem um
comportamento compatível com Leste de Israel.



Ponto interessante é que a Leste de Israel você tem a
tradição chinesa e o hinduísmo, que são um set de questões pro futuro,
principalmente essa coisa Pitágoras-Hinduísmo-Metempsychosis-Bronze Age.

Em verde Israel, e as linhas são a Rota da Seda terrestre e marítima.

Silk Road Map, Silk Route Map, Tourist Map of Silk Road-Silk Road Travel (caso o link caia, uma print)

Ainda outro ponto interessante de olhar pra essas estruturas
de ideias, é que elas são religião pra base, mas pro topo elas são uma forma de
executar e legitimar o poder, e mesmo construir uma coesão social  - Asabiyyah. E olhando a instabilidade nas
estruturas monarquícas-estatais dessa Arábia pré-islâmica faz algum sentido que
essa estrutura de poder, fosse meio que autônoma, mas ao mesmo tempo
instrumentalizada pelo monarca – é difícil trazer o conceito atual de Estado
pra essa Arábia pré-islâmica.



***





Um outro ponto no que eu tenho visto/lido de Ibn Khaldun é
essa questão do nomadismo em contraponto a vida urbana... e mesmo como uma
forte dinâmica de coesão social pode substituir o Estado...alguns Libertários poderiam
até ver nisso um exemplo prático do que é o Estado Mínimo, ou do que é a
ausência de estado.



Estou em leituras iniciais, mas em direção a perspectiva do
Estado como uma consequência da vida urbana em sociedade.



Numa outra dimensão me pergunto até que ponto seria possível
uma vida de isolamento, não acho que abriria mão da internet, e aposto bastante
na perspectiva de que algo como o Starlink e o próprio trabalho remoto vão nos
levar a abrir mão e repensar várias coisas...Mas no que tange as facilidades da
vida em sociedade, isso é mais difícil de abrir mão.



Quanto tempo leva para comer uma pizza? No ifood uns 30
minutos, mas e se por exemplo eu busco um certo grau de autossuficiência quais
são os ingredientes que eu posso cultivar e quais é melhor comprar?



Olhar essa dinâmica de busca pela autossuficiência, em oposição
a vida em sociedade te coloca numas questões do “Capital” e do começo da vida humana
em estruturas sociais-urbanas.



Me peguei pensando até que ponto dá para pesquisar embalagens
a vácuo e comida desidratada como uma forma para viabilizar uma vida nômade.



Porque em termos bioquímicos, e muitos eu nem sei explicar,
o que estraga os alimentos é água e ar, se você consegue remover esses
elementos os desafios logísticos de transporte e armazenamento, tornam-se superáveis.



A questão seria até que ponto é possível reidratar o
alimento sem perder sabor e textura? Isso depois que ele ficou armazenado por
anos e teve um custo de transporte bem menor.



O desafio de uma vida nômade na atualidade, não seria atingir
a autossuficiência plena, mas sim ir cada vez menos ao mercado.



Eu gosto de acompanhar de planejamento de viagem de alguns
velejadores do youtube tipo o Nahoa, Justsailing, Amyr Klink, Guruça...enfim...o
desafio é ter comida com prazos de validade longos, e que ocupem pouco espaço.



E é interessante porque isso é também um desafio militar, o
que faz o navio/submarino nuclear voltar para o porto são suprimentos básicos. Alguém
poderia argumentar que os caras podem pescar, mas do mesmo modo o adversário também
pode contaminar os peixes de uma região específica, com um derramamento de
óleo. Isso é um cenário de guerra bem específico, que talvez fosse mais
razoável na idade do bronze do que hoje...mas tanto um veleiro como um
submarino nuclear, dadas as proporções tem fontes de energia ilimitada, e
considerando as placas solares isso fica ainda mais interessante.

Session 1 - Reading Ibn Khaldun - Dr. Choukri Heddouchi - YouTube

The tissue of social relations in Brazil and economic complexity

 I often miss meeting people with an inner world. They are out there, but even as you get through them it’s usually hard to dive into their ...