Friday, January 2, 2015

Dupla Identidade, e séries no Brasil




É fato que certos formatos de produção, com o tempo perderam a capacidade de envolver o telespectador. O que não significa dizer que  os mesmos estejam ultrapassados, mas em tempos de segmentação, eles agora ficam restritos a tipos específicos de audiência. A telenovela é um desses casos, sem o dinamismo de uma série, e no caso brasileiro tendo de atender aos mais diversos públicos, o produto perdeu a capacidade de oferecer novidades. O que não é demérito, por vezes o que busca o espectador é simplesmente aliviar as ideias numa série de clichês. A novela está para o Brasil, assim como as comédias românticas estão para o cinema americano. Posto que no fim, todos serão felizes para sempre.  




E assim, com um novo público que tem novas demandas , começam a surgir séries de qualidade no Brasil, e até mesmo na Tv aberta. A HBO já vem a algum tempo apresentando produções de qualidade, como Preamar e O Negócio, séries que desfrutam de uma linguagem cinematográfica, um fruto do modo como são produzidas: uma parceria feita entre a HBO e as produtoras. 




Na Globo, as séries sendo uma produção própria, embora desfrutem de características técnicas cinematográficas, no que se refere ao roteiro e ao elenco ainda tem os vícios da tv, o que resultam em romances não se encaixando no enredo, e um didatismo tedioso no detalhamento de detalhes irrelevantes. Há ainda os diálogos forçados. 




Ainda assim a produção de séries na Globo vem amadurecendo, como prova a incrível atuação de Bruno Gagliasso, no papel do psicopata e serial killer Edu, em Dupla Identidadesérie tem sim os vícios de uma novela, e atuações que flutuam em qualidade. Luana Piovani no papel de Vera oscila, com uma atuação que não convence em diversos momentos, mas em outros momentos da trama a atriz mergulha no papel de powerful women, e deixa de lado o didatismo excessivo da personagem. Infelizmente a série prefere apresentar Vera como uma cientista, que provavelmente frequentou a equipe de Crimanal Mindse deixa em segundo plano a Vera powerful women, característica mais interessante e com a qual Piovani lidou melhor. 




Marcelo Novaes em toda a série consegue se manter estável, numa atuação coerente com o personagem, mas sem maiores destaques. Novaes interpreta o delegado Dias que almeja o  cargo de secretário segurança, e se divide entre a politica e as investigações de uma série de assassinatos. É o personagem que possuí a melhor construção dentro do enredo, já que enquanto  alterna entre a politica e a policia desenvolve uma profundidade humanizadora, através da apresentação de seus "porquês". Junto de Luana , Novaes encena um romance que destoa do enredo.  




A atuação de Bruno Gagliasso é excelente. O ator que já dera vida ao esquizofrênico Tarso em Caminho das Índias, retorna ao universo das patologias psiquiátricas, e com um figurino bem selecionado , faz com que a série mereça a atenção dentro do ainda pequeno universo de séries brasileiras. 




O roteiro é um dos maiores pecados da série, mas felizmente evolui no decorrer dos episódios, e aos poucos o politicamente correto vai dando espaço a expressões chulas, que contribuem para personagens "mais palpáveis" diante da realidade. E o desenrolar da trama, em meio ao vai e vem, acaba se desenvolvendo de forma sútil, deixando de atender as expectativas dentro do esperado, e chegando a oferecer pequenas surpresas. Há ainda Débora Falabella, com uma personagem que em principio pode soar trash, mas que cresce no decorrer da trama. 



The tissue of social relations in Brazil and economic complexity

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